quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO DIGITAL


Do ponto de vista global, uma das principais conseqüências da revolução digital é o impacto da digitalização e da interconectividade sobre o conceito de nação. Os países nasceram e se desenvolveram, em geral, com base no fator diretamente relacionado com os átomos, tal como os acidentes topográficos ou as demarcações naturais produzidas por montanhas, rios, vales ou oceanos. Hoje as demarcações digitais passam por outro vetor e são tanto locais como universais.
“Poderíamos dizer que os melhores governos, os mais eficientes, são aqueles que administram unidades territoriais que tem entre 3 mil e 5 mil habitantes. Esse fenômeno, produto da era digital, leva-nos a pensar que dentro de 10 ou 15 anos estaremos na presença de uma mundo com muito mais países que os que existem atualmente. Se hoje existem menos de 200 nações, não seria exagero prever um mundo com milhares de países em não mais de 50 anos. Talvez essa nova configuração política exija uma mudança na forma de gestão global, que será muito diferente da Organização das Nações Unidas. “(Jayr Figueiredo de Oliveira)
Outro fenômeno que pode causar algum impacto, principalmente nas nações em desenvolvimento, é a profunda mudança do conceito de classe mundial, associado ao urbano, e do conceito de rural, historicamente vinculado à pobreza. Desde tempos imemoriais as pessoas que vivem no campo parecem resignadas a sacrificar a qualidade de vida presente em prol de esperanças futuras. A vida na cidade sempre ofereceu melhores possibilidades educacionais para os filhos, uma boa cobertura para a saúde e, fundamentalmente, a esperança de um emprego seguro e estável. A clássica migração do ambiente rural para as grandes cidades talvez seja revertida com o advento do mundo digital. No mínimo haverá uma aproximação dos habitantes do campo das vantagens e da qualidade do mundo urbano.
Um último efeito social é a falta de sincronismo proposta pelo mundo dos bits. No mundo dos átomos movemo-nos todos de modo relativamente semelhante. Trabalhamos de segunda a sexta em um horário semelhante, deslocamo-nos em nosso automóvel ou em algum transporte público na mesma hora, tanto na ida como na volta de nossas obrigações. Esse ritmo que marca o pulsar de nossas vidas faz com que todos tenhamos uma vida muito sincronizada. O sincronismo, consciente ou inconscientemente para nós, é um conceito-chave da sociedade dos átomos, até quando vamos ao cinema ou ao teatro ou quando assistimos à televisão.
Hoje, graças ao advento da digitalização, o sincronismo começa a ser quebrado.
Assistimos menos à televisão e as pessoas trabalham em suas casas. Nem tudo é feito como se costumava fazer. A falta de sincronismo produzirá, num curto espaço de tempo, um efeito considerável em nossas vidas, tanto do ponto de vista de nossa individualidade como de nossos relacionamentos com nossos semelhantes. É impossível prever sua magnitude.
O recurso natural mais precioso de qualquer país, as crianças, merece um comentário final.
Geralmente as políticas educacionais deixam muito a desejar. No entanto, se o aspecto preocupan­te dessa realidade for levado aos governantes, estes assegurarão que não se pode fazer um grande investimento para melhorar os programas de educação e obter resultados somente 20 anos depois.
Apesar disso, vemos que há muitos países executando projetos de investimento em infra­-estrutura há dez ou 15 anos, ou seja, em pontes, estradas ou túneis. No caso da construção, apesar de os resultados não serem vistos senão depois de alguns anos, é possível observar o processo e os avanços enquanto o trabalho é realizado. Há demonstrações quantificáveis, átomos que deixam claro que alguma coisa está acontecendo: veículos, escavações, explosões, pessoas que vão e vêm, poços, máquinas, coisas que se podem ver e tocar e que impressionam pelos desdobramentos que produzem.
O processo educacional não produz essas mudanças ostensivas. Por isso, lamentavelmente, é tão difícil vendê-lo como um processo rentável na era do átomo. Simplesmente porque não põe em evidência provas que possam ser percebidas pelos sentidos. Isso também pode ser objeto de transformações no mundo digital, na era dos bits. 

Por Aliciane em 2009

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